terça-feira, 11 de outubro de 2011

Growin' up

Um álbum incompleto. Fotografias de um passado recente. Cada foto uma lembrança. Cada página virada uma lágrima de saudade, de vergonha, de medo. Saudades do que fui, vergonha do que estou sendo e medo do que posso ser.
Hoje já não sou o que fui ontem, mas carrego as marcas de quem era. E uma mistura de saudade e vergonha me contamina. Vergonha de que? De ter crescido e esquecido como é bom sair dançando pelas ruas, de sentir a chuva caindo e não correr dela, mas para ela de alma e braços abertos.
A cada foto recordo o que ela esconde dos outros, minhas lembranças, boas ou ruins. É meu passado que vejo refletir nos rostos contentes das fotos, que por um momento volta a ser presente. Lagrimas caem por querer voltar ao tempo de menina-moça, estar com quem já não vejo, não converso, nem sei da vida. Saudade de estar em paz, de errar e não me importar.
Cada vez que o tempo passar vou querer mais e menos, quero menos crescer, mais ser como antes, voltar a correr com a chuva, sorrir depois de um espetáculo de dança no meio da rua, sem se preocupar com os olhares rindo.
Ontem fui o que não queria, mas hoje quero o que fui. E assim a vida segue, complexa dentro de sua simplicidade.

sábado, 8 de outubro de 2011

Ali.

Ali estava, sentada num banco qualquer, encolhida em seu mundo, olhando o nada, ou seria o tudo?
Entre um suspiro e outro havia uma mudança de pensamento, de planos, pois nada parecia certo e estava cansada de apostar, cansada da jogatina da vida. Quem passava e a olhava, pensava “eis alguém esperando seu outro alguém”, mas eis que havia decidido que sua história seria escrita no singular, poderia e estimava que houvesse participações especiais, sendo estas, porém, sempre em segundo plano.
De vez em quando olhava para os rostos desconhecidos que procuravam achar o que estava perdido. O que era? Ela não sabia, nem os donos destes rostos sabiam, mas guiados pela vontade – ou seria esperança? Ou ainda, curiosidade? -, continuavam na busca. Ela também procurava, até sentar ali e achar, em sua visão, o tudo, ou seria o nada?
Eis que ali sentada, entre um suspiro e outro, descobriu o sentido desta busca. É preciso perder um para encontrar o outro, perder um amigo, um amor, um olhar, um sorriso. Neste perde e acha, a vida torna-se uma equação, na qual soma-se sua vida com a de outrem ao mesmo tempo em que se divide, depois, quando essa pessoa nos deixa, se subtrai, e o resultado disso é a soma do que sobrou desse alguém com o que restou de você.
Ali, sentada num banco qualquer, ela descobriu o resultado dessa equação, mas estava na hora de se perder de novo, então se levantou e foi à busca. Do que? Ainda não se sabe, mas um dia, sentada num banco qualquer, olhando o tudo – ou seria o nada? -, ela achará.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Que assim seja.

Que a noite passe com o cantar das estrelas. E se houver pesadelo, que as tormentas destes se transformem, com o chegar do dia, em raios solares parecendo sair de um sorriso estilo criança. Que o dia passe sempre blue, com a sensação de quero mais, quero mais sorrir, quero mais ser feliz, quero mais viver. E ao fim do dia, que eu possa olhar para os brilhos das tachinhas do céu e dizer: “valeu a pena!”.