sábado, 19 de novembro de 2011

Carta a um amigo

Querido Rick,
Desde quando você partiu as coisas andaram mudando. Veja só.
O clima muda não mais por estação, nem por semana, mas sim a cada hora. O vento já não é mais sereno e com cheiro de palavras doces que parecem poesias cantadas, aqui onde você já não mais está agora só tem tempestade de palavras com peso de pedra e sabor de dor. A chuva já não faz a gente querer sair correndo e dançar nela, faz a gente fugir e se refugiar. Dizer um olá se tornou motivo de medo, medo de ser reconhecido da parte de quem recebe e medo de não ser reconhecido de quem está disposto a quebrar a distância. Alias, a moda agora é manter-se afastado, os relacionamentos já não contem carinho e abraços, são baseados nos interesses, na frieza e distância.
Ah! Amado amigo, você não imagina como era bom enquanto você estava aqui e como quero, como desejo de volta nossos risos, o colorido das estações, até da mais cinzenta, a chuva de verão no fim da tarde, o vento frio de uma manhã ensolarada, o calor confortável do sofá de casa num dia frio, as conversas sem horas pra terminar, as filosofias de bar, o abraço longo de carinho. Como eu desejo sua doce companhia, o riso solto e a vida passando valendo a pena.
Você se foi e levou contigo o doce que tínhamos, enquanto eu, eu to aqui respirando fundo para segurar a barra das mudanças, como você dizia ser preciso fazer nesses dias. Eu continuo aqui, sentada na mesma cadeira, te esperando por horas e horas, esperando as mudanças voltarem a acontecer e com elas a calmaria chegar. Eu to aqui vendo a vida passar sozinha sem nem perceberem. Sempre aqui.
Espero que aí com você ainda haja vida doce e se houver me mande um pouco pelo vento frio de um sábado de manhã ensolarado.
Com todo amor, carinho e saudade de sempre,
Sua amiga que lhe quer bem.